CULTURA PERNAMBUCANA


A cultura pernambucana é bastante diversificada, uma vez que foi influenciada por indígenas, africanos e europeus.

Tendo sido uma das primeiras áreas efetivamente colonizadas por portugueses, ainda no século XVI, que aí encontraram as populações nativas e foram acompanhados por africanos trazidos como escravos, Pernambuco tem uma cultura bastante particular e típica, apesar de extremamente variada. Sua base é luso-brasileira, com grandes influências africanas e ameríndias.No estado de Pernambuco nasceram personalidades de grande destaque em todas as áreas do conhecimento. O pernambucano Paulo Freire é considerado um dos pensadores mais notáveis da história da pedagogia mundial. A pedagogia crítica foi fortemente influenciada pelos trabalhos deste intelectual, o mais aclamado educador crítico. Foi o brasileiro mais homenageado de todos os tempos: ganhou 41 títulos de Doutor Honoris Causa de universidades como Harvard, Cambridge e Oxford.

Gilberto Freyre, um dos mais importantes sociólogos do século XX, representa um marco na história do Brasil devido ao seu livro Casa-Grande & Senzala, que demonstra a importância dos escravos para a formação do país e que brancos e negros são absolutamente iguais.

Os literatos pernambucanos são muitos. Alguns deles: João Cabral de Melo Neto, Manuel Bandeira, Clarice Lispector, Nelson Rodrigues, Joaquim Nabuco, Joaquim Cardoso, Josué de Castro, Álvaro Lins, Marcos Vilaça, Martins Júnior, Mário Pedrosa, Manuel de Oliveira Lima, Osman Lins, Dantas Barreto, Geraldo Holanda Cavalcanti, Carneiro Vilela, Olegário Mariano, Adelmar Tavares, Carlos Pena Filho, Antonio Lavareda, Barbosa Lima Sobrinho, José Luiz Passos, Luiz Felipe Pondé, Ricardo Noblat, Marcelino Freire, Manuel Correia de Andradre, Roberto Lira, Evaldo Cabral de Mello, Fátima Quintas, José Condé, João Carneiro de Sousa Bandeira, Antonio Herculano de Sousa Bandeira e Leôncio Basbaum. João Cabral de Melo Neto foi o primeiro brasileiro a ser galardoado com o Prêmio Camões, o mais importante prêmio literário da língua portuguesa.

Pernambucanos também alcançaram grande destaque nas ciências exatas e biológicas. Mário Schenberg, considerado o físico teórico mais importante do Brasil, instaurou os primeiros cursos de computação da USP;Leopoldo Nachbin, considerado o mais importante matemático brasileiro, foi cofundador do IMPA e do CBPF; e Correia Picanço fundou a primeira escola de medicina do Brasil. Outros pernambucanos de grande notoriedade nas ciências exatas e biológicas são: José Leite Lopes, Joaquim Cardoso, Paulo Ribenboim, Josué de Castro, Aron Simis, Gauss Moutinho Cordeiro, Israel Vainsencher, Luís Freire, Norberto Odebrecht, Antonio Mário Antunes Sette, Cristovam Buarque, Fernando de Souza Barros, Ricardo de Carvalho Ferreira, Leandro do Santíssimo Sacramento, José Tibúrcio Pereira Magalhães, Edson Mororó Moura, Fernando Antonio Figueiredo Cardoso da Silva, Antônio de Queiroz Galvão, João Santos, entre outros.

Vários gêneros musicais e danças surgiram no estado de Pernambuco ao longo dos anos.

O Frevo, um dos principais gêneros musicais e danças do estado e símbolo do Carnaval Recife/Olinda, se caracteriza pelo ritmo acelerado e pelos passos que lembram a capoeira. Esse gênero já revelou e influenciou grandes músicos, como Alceu Valença, Geraldo Azevedo, Elba Ramalho, Zé Ramalho, Moraes Moreira, Armandinho, Pepeu Gomes, Antônio Nóbrega, Hermeto Pascoal, entre muitos outros. Antes da criação da axé music na década de 1980 o frevo era utilizado também no Carnaval de Salvador. Em cerimônia realizada na cidade de Paris, França, no ano de 2012, a UNESCO anuncia que, aprovado com unanimidade pelos votantes, o frevo foi eleito Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade.

Nos anos 90 surgia em Pernambuco o Manguebeat, movimento da contracultura que mistura ritmos regionais, como o maracatu, com rock, hip hop, funk e música eletrônica. O movimento tem como principais críticas o abandono econômico-social do mangue, a desigualdade de Recife (não apenas desta, sendo apenas um reflexo do descaso do Estado fora do eixo Rio-São Paulo). Apesar de ter sido inventado já na década de 1970 pelo guitarrista Robertinho do Recife com os álbuns "Jardim da Infância" (1977), "Robertinho no Passo" (1978) e "E Agora pra Vocês... Suingues Tropicais" (1979), tem como ícone o músico Chico Science, ex-vocalista, já falecido, da banda Chico Science e Nação Zumbi, idealizador do rótulo mangue e principal divulgador das ideias, ritmos e contestações do manguebeat. Outro grande responsável pelo crescimento desse movimento foi Fred Zero Quatro, vocalista da banda Mundo Livre S/A e autor do primeiro manifesto do Mangue de 1992, intitulado "Caranguejos com cérebro".

O Maracatu Nação é uma manifestação cultural da música folclórica pernambucana afro-brasileira. É formada por uma percussão que acompanha um cortejo real. Como a maioria das manifestações populares do Brasil, é uma mistura das culturas indígena, africana e europeia. Surgiu em meados do século XVIII. Os Maracatus mais antigos do Carnaval do Recife nasceram da tradição do Rei do Congo. A notícia mais remota até há pouco conhecida sobre a instituição do Rei do Congo, em Pernambuco, data de 1711, em Olinda, e fala de uma instituição que compreendia um setor administrativo e outra, festivo, com teatro, música e dança. A parte falada foi sendo eliminada lentamente, resultando em música e dança próprias para homenagear a coroação do Rei do Congo.

O Maracatu Rural é outra manifestação cultural de Pernambuco, na qual figuram os conhecidos caboclos de lança. É conhecido também como Maracatu de Baque Solto. Distingue-se do Maracatu Nação ou Maracatu de Baque Virado em organização, personagens e ritmo. O Maracatu Rural mais antigo é o Cambinda Brasileira. O grupo foi fundado em 1898 e a sede permanece no mesmo lugar, no Engenho do Cumbe, Nazaré da Mata, Zona da Mata de Pernambuco. O Maracatu Rural significa para seus integrantes algo a mais que uma brincadeira: é uma herança secular, motivo de muito orgulho e admiração. É formado por pessoas simples, principalmente por trabalhadores rurais, que com as mesmas mãos que cortam cana, lavram a terra e carregam peso, bordam golas de caboclo, cortam fantasias, enfeitam guiadas, relhos e chapéus; dedicando-se ao bem mais valioso que possuem: a cultura.

O cortejo do Maracatu Rural diferencia-se dos outros maracatus por suas características musicais próprias e pela essência de sua origem refletida no sincretismo de seus personagens. A orquestra é formada por instrumentos de percussão e sopro transmitindo sonoras simbologias. Uma apresentação deste se constitui em um ritual magnífico. É todo um conjunto espetacular de criatividade e beleza, que formam uma representação simbólica notável, deixando a todos encantados.



O Baião teve como precursor o pernambucano Luiz Gonzaga. O ritmo, ao lado de outros como xote, xaxado e côco, faz parte do chamado forró. Vários artistas deram continuidade ao legado de Luiz Gonzaga, como é o caso de Dominguinhos, entre muitos outros. O baião é uma dança muito popular no interior do Nordeste brasileiro; e denomina, também, o gênero de música tocada nessas festas e um pequeno trecho musical executado pelos cantadores de viola nos intervalos dos improvisos de uma cantoria. O conjunto típico exigido pelo baião (baile e música) inclui sanfona, triângulo e zabumba.

Muito comuns em Pernambuco são as Bandas de Pífanos, além de outras músicas e danças oriundas do estado, como a Ciranda. Também são comuns o Pastoril, o Coco, a Embolada, entre outras manifestações.

O Xaxado é uma das principais danças típicas do sertão/agreste pernambucano. Exclusivamente masculina, originária do sertão de Pernambuco e, segundo Luís da Câmara Cascudo (Dicionário do Folclore Brasileiro), divulgada até regiões da Bahia pelo cangaceiro Lampião e pelos integrantes do seu bando.

Segundo o poeta Jayme Griz, Lampião não foi o inventor da dança (que já era conhecida no sertão e agreste pernambucanos desde 1922), mas apenas seu divulgador. A dança é um rápido e deslizado sapateado. Originalmente, não tinha acompanhamento instrumental: os dançarinos apenas repetiam, em uníssono, a quadra e o refrão. No caso dos cangaceiros, justificava-se a ausência da figura feminina "porque o rifle era a dama". Posteriormente, o xaxado ganhou acompanhamento musical - zabumba, pífano, triângulo, sanfona- e passou a aceitar a participação de mulheres.

Em Pernambuco nasceram nomes de destaque da música brasileira, como Luiz Gonzaga, Bezerra da Silva, Lenine, Alceu Valença, Michael Sullivan, Chico Science, Siba, Otto, Geraldo Azevedo, Nando Cordel, Dominguinhos, Fred Zero Quatro, Reginaldo Rossi, Clarice Falcão, Lula Queiroga, Ortinho, José Carlos Burle, Fernando Lobo, Cynthia Zamorano, Jorge de Altinho, Petrúcio Amorim, Capiba, Johnny Hooker, DJ Filipe Guerra, entre muitos outros; além de instrumentistas de renome internacional, como Naná Vasconcelos, Walter Wanderley, Antônio Meneses, Robertinho do Recife, Miguel Kertsman, Moacir Santos, Antônio Nóbrega, Marlos Nobre, Luperce Miranda, James Strauss, João Pernambuco, Luís Álvares Pinto, dentre outros tantos.

Todos os anos, nas semanas que antecedem a Páscoa, realiza-se o espetáculo da Paixão de Cristo de Nova Jerusalém no distrito de Fazenda Nova, na cidade do Brejo da Madre de Deus, agreste pernambucano. O evento, que é encenado naquele local, é reconhecido como o maior teatro ao ar livre do mundo. A cidade-teatro de Nova Jerusalém impressiona pela arquitetura. A construção é uma réplica da Judeia sagrada, com lagos artificiais, nove palcos, uma muralha de 3.500 m e 70 torres. Vários atores e atrizes de sucesso da Rede Globo já atuaram em Nova Jerusalém. A Paixão de Cristo existe desde 1951, como espetáculo teatral.

Pernambuco deu origem ao Mamulengo, nome dado ao teatro de bonecos brasileiro, tido como um dos mais ricos espetáculos populares do país. É uma representação de dramas através de bonecos, em pequeno palco elevado coberto por uma empanada, atrás do qual ficam as pessoas que dão vida e voz aos personagens. Glória do Goitá, município da na Zona da Mata pernambucana, detém o título de "berço do mamulengo".

O Cinema de Pernambuco tem sua história iniciada em 1922, quando o ourives Edson Chagas e o gravador Gentil Roiz se juntam com o propósito de produzir filmes de enredo. Daí, surge a película "Retribuição", que estreou em 1923 com grande sucesso nos cinemas do Recife e que é considerado o primeiro filme de enredo realizado no Nordeste — anteriormente só havia algumas experiências com documentários.

O Cinema Pernambucano já recebeu inúmeros prêmios nacionais e internacionais e é recordista de indicações e premiações em diversas edições de festivais. Filmes de cineastas e roteiristas pernambucanos como os dramas Baile Perfumado (1996), Amarelo Manga (2002), Cinema, Aspirinas e Urubus (2005), Baixio das Bestas (2006), O Som ao Redor (2013), Serra Pelada (2013), ou mesmo romances e comédias como O Auto da Compadecida (1999), Caramuru - A Invenção do Brasil (2001), Lisbela e o Prisioneiro (2003), A Máquina (2005), Fica Comigo Esta Noite (2006), O Bem Amado (2010), entre muitas outras produções, alcançaram grande projeção.

Realizadores como Cláudio Assis, Marcelo Gomes, Guel Arraes, Kleber Mendonça Filho, Heitor Dhalia, Lírio Ferreira, Hilton Lacerda, entre outros tantos cineastas oriundos do estado, atingiram notoriedade internacional. Um dos muitos êxitos recentes foi o filme O Som ao Redor, do recifense Kleber Mendonça Filho, que foi incluído na respeitada lista dos 10 melhores do ano do jornal The New York Times, ao lado de produções como Django Livre de Quentin Tarantino e Lincoln de Steven Spielberg. Heitor Dhalia, por sua vez, teve sua estreia em Hollywood em 2012, com o longa-metragem 12 Horas, estrelado pela atriz norte-americana Amanda Seyfried.255 256 257 258

Em um período de doze meses, o Cinema de Pernambuco conquistou os principais prêmios dos três maiores festivais nacionais: os filmes Era uma vez eu, Verônica, de Marcelo Gomes, e Eles voltam, de Marcelo Lordello, dividiram o Candango de Melhor Filme no Festival de Brasília; O Som ao Redor, de Kleber Mendonça Filho, conquistou o Troféu Redentor de Melhor Filme no Festival do Rio; e Tatuagem, de Hilton Lacerda, ganhou o Kikito de Melhor Filme no Festival de Gramado.

O Museu da Cidade do Recife está instalado no Forte das Cinco Pontas, construído pelos holandeses no Recife em 1630 para defender a entrada da cidade e os poços de água potável existentes nas imediações. Dispõe de biblioteca especializada sobre o Recife Antigo.

O Museu do Estado de Pernambuco está localizado no Recife. Seu acervo inclui mobiliário, artes decorativas, documentos e livros históricos, joalheria e etnografia indígena. O Centro de Documentação do Espaço Cícero Dias oferece para consulta uma biblioteca de 4 mil volumes que inclui obras raras.

O Museu do Homem do Nordeste, localizado no Recife, foi fundado em 1979, e criado a partir dos acervos do antigo Museu do Açúcar, do Museu de Antropologia e do Museu de Arte Popular. Fazendo parte do Instituto de Documentação da Fundação Joaquim Nabuco, sua concepção museológica e museográfica foi inspirada no conceito de museu regional, idealizado pelo sociólogo-antropólogo Gilberto Freyre.

O Museu de Arte Contemporânea de Pernambuco é um museu público estadual, localizado na cidade de Olinda. Inaugurado em 23 de dezembro de 1966, o museu integra a rede de equipamentos culturais da Fundação do Patrimônio Histórico e Artístico de Pernambuco (Fundarpe). Tem por objetivo a preservação, o estudo e a divulgação do seu acervo artístico, bem como a realização de atividades educativas e culturais. É um dos mais importantes museus em sua tipologia na região Nordeste, tendo exercido ao longo da história significativa influência para o desenvolvimento das artes plásticas em Pernambuco e região.

O Parque 13 de Maio, localizado entre as ruas da Saudade, João Lira, Princesa Isabel e do Hospício, na Boa Vista, Recife, é a maior concentração de área verde da cidade, com pista de cooper, pequeno zoológico, parque infantil e vários monumentos. Em seu entorno, estão alguns prédios centenários, como o da Faculdade de Direito do Recife (a primeira do país) e a sede da Câmara de Vereadores. Teve sua construção iniciada em 1892, na gestão do governador Alexandre José Barbosa Lima. Em 1939, foi transformado em parque pelo então prefeito Antônio Novaes Filho.

O Parque de esculturas de Francisco Brennand, Situado no molhe do Bairro do Recife, de frente à Praça do Marco Zero, foi inaugurado em dezembro de 2000. O espaço foi criado em comemoração aos 500 anos do Descobrimento do Brasil, em realização ao projeto da Prefeitura do Recife "Eu vi o Mundo... Ele começava no Recife". O museu ao ar livre abriga 90 obras que retratam mistérios do artista plástico pernambucano Francisco de Paula de Almeida Brennand. No local, podem-se observar diversos monumentos de cerâmica, como as sereias, e várias esculturas em bronze, como os pelicanos. O destaque do ambiente é a "Torre de Cristal", construída com 32 metros de altura, composta por argila e bronze.